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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Obrigado Chespirito




Era o ano de 1989. Minha família morava na cidade de Capim Grosso e um dia na sala de aula, um de meus colegas, não me lembro qual, pediu-me que lhe desse um tapa na testa. Dei. Ele fez: Pipipipipipi. Fiquei sem entender nada até às 17:00, quando assisti pela primeira vez ao seriado que viria ser minha principal referência humorística. Chaves, Chespirito, Roberto Gomes Bolaños.
Estou atrasado, mas falar sobre este grande mestre da dramaturgia jamais será um desperdício. Um homem que conquistou o mundo inteiro com seu humor puro, inocente, que fez rir do avô ao neto sem precisar mostrar bundas, sem a necessidade de palavrões ou da depreciação alheia. Seu mai famoso personagem, o Chaves, reúne todas as crianças pobres do mundo, crianças que necessitam muito mais do que um pedaço de pão, mas também de um abraço.
Cresci vendo o Chapolin, o herói atrapalhado dizer suas tiradas cheias de humor e suas lições de vida valiosas. Para mim, rir milhares de vezes das mesmas piadas era e continuará sendo um prazer dos mais valiosos. As frases, as morais, tão simples e escondidas dentro de um sorriso irão perdurar na vida de muitas pessoas por várias gerações.
Mas a marreta está deposta e o barril ficará vazio. O riso se converte em lágrimas diante de um perda inigualável para o mundo inteiro. Ele nos ensinou em uma de suas músicas a não dizer adeus jamais, mas hoje fica difícil. Podemos ao menos ter a certeza que ainda que digamos adeus a ele, jamais diremos ao legado. "Boa noite meus amigos".
Roberto, você me fez chorar em vida muitas vezes. Eu era um garoto que me esvaía em prantos quando o Chaves ficava sozinho na vila, com todo mundo indo para Acapulco e aquela música triste começava. Eu chorava cada vez que assistia o episódio onde o menino do barril era chamado de ladrão por todos. Eu sentia um nó na garganta quando dentro de uma piada o problema da fome era destacado.
Hoje, depois de alguns dias de sua partida, depois de um fim de semana inteiro com um nó na garganta eu choro sua morte e escrevo esta minha homenagem com as lágrimas escorrendo pelo rosto. Despedidas são difíceis, principalmente quando se trata de alguém que sempre soubemos que estava ali em algum lugar e que de alguma forma foi responsável por muitos ensinamentos em minha vida. Mas hoje eu tenho que te dizer adeus com muito sofrimento, e "suspeitei desde o princípio" que seria assim.
Mas, preciso fazer desse momento um ponto de gratidão. Sou grato por ter tido a oportunidade de conhecer humor de verdade, por ter crescido com uma arte pura. Agradecer ao Chespirito por ter sido a porta da frente do humor, por ter nos ensinado a viver felizes de uma forma tão singela, por nos ter feito rir, mesmo quando a vontade era de chorar. Obrigado Chespirito. Você jamais morrerá dentro de nós. Isso, isso, isso, isso.

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