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segunda-feira, 25 de março de 2013

Lobisomem Jacuipense

Essas coisas só acontecem na quaresma. Anos atrás, no tempo que o Cuscuz só tinha a telebahia como fonte de comunicação com o mundo externo, surgiu a história de que um lobisomem estava aterrorizando a cidade matando animais, correndo atrás de crianças e sugando sangue de cavalos. Diz a lenda que o vulgo era um cidadão morador da Divinéia (preservarei o nome), mas tudo isso foi esquecido.

Esta semana a lenda voltou à carga e muitas pessoas afirmam terem visto uma criatura parecida com um cachorro, mas de tamanho maior. Com o crescimento da história e muitas pessoas agora dizendo que viram, para entrar na moda, o assunto está sério. Uma mãe inclusive ligou para cá pedindo que seu filho que aqui reside com a avó voltasse para casa por ser este pagão, segundo a tradição, vítima preferida dos licantropos (meio homem, meio lobo).

Ontem de madrugada, após gritos de moradores da região da famosa, glamourosa, grandiosa e vitaminada  Rua da Banha (meu orgulho), homens, mulheres e adolescentes correram para a rua e organizaram uma força tarefa para caçar o animal. Paus, facões, lanternas e espingardas circularam pelas ladeiras jacuipenses madrugada a fora. Alguns dizem que o monstro refugiou-se na capelinha, Buracanã, nas palmas de Januário, outros afirmam que fugiu pelo pinicão - sempre esse pobre - mas a verdade é que ninguém mais o viu depois da expedição de caça.

Eu não acredito na história pois preciso ver os dentes e unhas do dito cujo para poder crer. Mas transcrevo um trecho de Camara Cascudo: "Me perguntaram se acredito em lobisomem, caipora, curupira e outros seres mitológicos. Eu respondi: Aqui, em casa com a luz a cesa e conversando com você eu não acredito. Mas nomeio do mato, no  escuro e com a luz apagada, sim eu acredito". 

Há quem tenha dito que o lobisomem é minha irmã Évellyn por causa de sua cabeleira, mas ela está acima de qualquer suspeita pois estava bravamente entre os líderes da caçada. Eu acho que é o Tony Ramos. Mas por hora, vou solucionar parte desse mistério que dá uma história de cordel. Ninguém encontrou a criatura ontem, Geomário me disse que amarrou o monstro no quintal de sua casa durante a madrugada, mas ao amanhecer o bicho fugiu.

Redação: Pablo Rios


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