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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sim, mas por quê?

A cada quatro anos ocorrem as eleições municipais e com elas vem uma espécie de vírus do mal que infecta indivíduos que apresentam sério grau de falta de caráter. Estes logo se dividem nos conhecidos grupos "o povo de Fulano" e o " povo de cicrano". Esse é o pior dos sintomas e todos os outros todo mundo já conhece. O problema maior surge com a vitória de seja quem for.
Ao começar a gestão surgem os primeiros indícios da febre do poder que assola a mentes mais sofredoras da inanição moral e mais ambiciosas. O mais forte entre todos é a perseguição contra aqueles que ousaram cometer o mais espúrio e hediondo crime: votar contra. Não ri, é sério.
Não vou me prender a descrever detalhes das ações dos eleitores, que constituem apenas a massa simpatizante dos desmandos, mas que às vésperas da posse do Reich... perdão, do grupo, saem arrotando arrogância pelas ruas dizendo "ano que vem quem manda nessa pôrra é nóis"! Risíveis, risíveis, risíveis esse coitados. Às vezes, quem está à frente dos setores nem mandam de verdade, são antes marionetes de corda obedecendo os "inomináveis" que das sombras exercem sua pérfida influência, quem dirá os enganados eleitores que simplesmente contribuíram com seu voto.
Pronto, falei desses.
O cerne desse texto é sobre a atitude pífia de alguns - não todos - que às vezes confiando na proteção dos bastidores falam algo parecido com "este ano adversário me paga". Mesmo que a frase não seja verbalizada, ela está implícita nos olhares e atitudes. Isso acontece em toda cidade pequena, principalmente naquelas em que o povo pensa saber fazer política. E é cada coisa que acontece. Empresários são obrigados a demitir funcionários que não votaram a favor, sob a ameaça de não haver negócios feitos em seu estabelecimento. É o dedo do poder público no privado. Corriqueiro. Mas analisemos alguns pontos e para isso vou rotular logo tudo, eu sou o dito "adversário", não só eu, mas todo aquele que decidiu usar sua liberdade para escolher não votar a favor do Terceiro Reich.
PRIMEIRO - Não sou adversário. Leva este nome que antagoniza com algo ou alguém, ou quem participa de uma disputa. Eleitores não participam da disputa, eles a decidem, ou seja, são juízes. Adversários são os candidatos a prefeito e vereadores em relação uns aos outros. Se você que exerce autoridade nomeada não sabe disso, MOBRAL em você.
SEGUNDO - Por que eu vou pagar? E o quê eu vou pagar? O quê pode ser feito contra mim? Ou contra qualquer um? O ser humano usar seu direito de escolha entre dois candidatos é passível de culpa? De onde tirou-se essa idiotice? Que obrigação eu ou qualquer um tem de votar em quem meus senhores caciques e czares querem? Para informar aos que talvez por falta de oportunidade ou de senso não sabem: o coronelismo acabou, e quando existia era crime. Mas já que o pensamento de alguns é sentir-se Cristo e faltar apenas sair dizendo "toda autoridade me foi dada no céu e na terra", uma informação: Quem votou contra não tem crime ou culpa nenhuma, mas quem vem com essa filosofeca de "esse ano adversário me paga", tem, é um crime chamado perseguição política, e se for bichinho de unha sem nomeação mas que manda e desmanda: perseguição pessoal. E dá cadeia. Fique esperto.
TERCEIRO E MAIS IMPORTANTE - Quem está no poder, sofrerá com uma ação inerente a este verbo: deixará de estar, pois estar não é pra sempre. Então lembre-se, um dia você voltará a não ter cargo de confiança, ou deixará de ter seu fantoche manipulável e voltará a ser um de nós... como é que vocês chamam mesmo? "Adversários". Revelação dura não é? Mas não chora não, a vida assim, um dia por cima, outro dia por baixo.
Então, para concluir, e é importante isso, se você se indignou e parou de ler, vai perder o final. Quando você pensar em dizer de novo "esse ano adversário me paga", lembre-se: sim, mas por quê?

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