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segunda-feira, 2 de maio de 2016

"Me engana que eu gosto"

Político malandro: basta ter dinheiro e não fazer nada no mandato.

Por Pablo Rios

Todo candidato a eleições precisa justificar o porquê de ser um postulante. Essa é a melhor forma de convencer o eleitor a votar. O problema, é que muitas vezes alguns se utilizam de subterfúgios e ambivalências para ganhar pontos com o eleitorado menos informado. Desastrosamente, essas desonestidades funcionam muito bem e o resultado é um município atrasado com porte de distrito.
A cultura que alimenta toda essa paspalhice política, infelizmente parte do povo e dos cabos eleitorais. Não é só por aqui, mas em toda a região, que não se analisa o que verdadeiramente importa no currículo da pessoa para entrar na política. Não se leva em conta trabalhos sociais, capacidade intelectual, conhecimento, caráter e eloquência ao serem apontados os candidatos. O que acontece é que quando algum comerciante ou fazendeiro começa a acumular alguma riqueza, logo surgem os entendidos dizendo "Fulaninho bem que seria um bom prefeito/vereador". E só. Só o que - a maioria das pessoas - leva em conta é a condição financeira da pessoa. Por quê? Pra arrancar algum dinheiro em troca de pedir votos. Prova disso são as vultosas somas de dinheiro que alguns políticos despejam para conquistar determinados puxadores de votos e a despesa mensal que precisam dispor para segurá-los de seu lado durante todo um mandato, sustentando-os até na gasolina, como se fossem suas amantes - ou num dizer mais nordestino: suas raparigas.
Além do engano do dinheiro, tem o engano do serviço. Este geralmente cometido por funcionários concursados, que ao se lançarem candidatos vêm com a falácia de "tenho tantos anos de serviços prestados". Por favor, parem de fazer o povo de besta, pois seus serviços foram prestados e pagos e não justificam motivos para que o povo vote em vocês. Motorista, médico, enfermeiros, professores, garis, guardas, ou seja lá qual for a profissão para a qual prestaram concursos não devem ser usadas como estratégias de campanha. Se você tem esse tempo de "serviços prestados" é porque você assinou um termo de posse e compromisso e não porque é bonzinho.
Serviços prestados para usar em campanha são trabalhos voluntários, ninguém vota num açougueiro porque ele vende carne, então ninguém deve votar em um professor porque ele dá aula ou num motorista porque leva alguém pra fazer consulta em outra cidade. Esse serviço prestado também se chama obrigação profissional.
Da mesma maneira, o povo tem sido enganado por muitos vereadores que fingem que trabalham, mas que não fingem que recebem. Ao contrário, recebem e muito bem para o que fazem. Segundo consta no site do TRE, Os Vereadores têm quatro funções principais:
1.      Função Legislativa: consiste em elaborar as leis que são de competência do Município, discutir e votar os projetos que serão transformados em Leis, buscando organizar a vida da comunidade.
2.      Função Fiscalizadora: o Vereador tem o poder e o dever de fiscalizar a administração, cuidar da aplicação dos recursos, a observância do orçamento. Também fiscaliza através do pedido de informações.
3.      Função de Assessoramento ao Executivo: esta função é aplicada às atividades parlamentares de apoio e de discussão das políticas públicas a serem implantadas por programas governamentais, via plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual (poder de emendar, participação da sociedade e a realização de audiências públicas).
4.      Função Julgadora: a Câmara tem a função de apreciação das contas públicas dos administradores e da apuração de infrações político-administrativas por parte do Prefeito e dos Vereadores.

Bem medidos e pesados, podemos concluir que a maioria de nossos edis recebem sem trabalhar, pois levam o tempo em atacar seus adversários políticos e tentar justificar suas atitudes. Falar grosso não é indicativo de ser um vereador eficiente. Ter um bom poder financeiro ou família conhecida não é currículo político. Requerimento pode ser feito por qualquer cidadão, com ou sem mandato. Lancemos um desafio: qual de nossos vereadores já elaborou uma lei municipal sequer? Será que acham que ter seus nomes estampados em cartazes de eventos já é o suficiente? Será que só a presença em eventos e enterros qualifica a pessoa como um bom político?

Precisamos refletir sobre isso e mudar nossa forma de pensar e votar, pra poder ter a cidade que desejamos. O maior problema é que ainda tem muito eleitor vivendo no “me engana que eu gosto”.

Atribuições de um vereador: aqui.

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