Versos fortes, quentes e provocantes vão
além de uma subjetividade superficial da alma, antes cortam fundo atingindo
nervos, carne e ossos, deixando aflorar sentidos e sentimentos puros e
espontâneos que buscam liberdade. Carrano viaja pelas sensações do corpo e do
espírito, valorizando o verbo amar acima do substantivo amor, tendo como
espinha dorsal de sua escrita a mais bela obra prima da criação: a mulher. Com
nuances levemente eróticas, excetuado os arcadismos de rima e métrica, mas tipicamente
como Bocage, alguns poemas são turbinados com doses de certa indecência que
aquecem o desejo, levando nas entrelinhas de cada verso o tema que aponta o
eixo mais lascivo e sublime do amor Eros:
o sexo.
As intenções do autor se explicitam
ainda na orelha da capa quando revela que: “precisava de atitude, não somente
mostrar o amor como eu vejo, mas sentir o amar, não somente o desejo puro e
simples, mas o desejo de amar”. Como bom poeta, ele sabia que sua erupção de
sentimento não podia ser algo particular e exclusivo seu, carecia compartilhar.
“Era sufocante aquilo em mim. Precisava romper, rasgar a alma, ir lá no fundo e
não é só a minha que rasgo hoje, mas tantas almas quanto puder, e aí, sangrar o
papel”.
Uma obra afrodisíaca, provocante desde a
capa carregada de múltiplos graus Celsius, com versos cheios de reticências que
fazem a imaginação pulsar. Escrita para mulheres se sentirem plenas, poderosas,
selvagens, nuas dos medos de amar e amar, amar mais e amar de novo. Qual o
homem que se prestará ao erro de não ler também?
Poemas para irem além de leitura, devem
chegar ao sentir. Livre de falsos modismos e clichês conservadores, A Centaura
e a Esfinge te decifra e devora, uma obra para ser lida com um sorriso
malicioso no rosto, já pensando na pessoa amada, para agarrá-la logo em
seguida.
Um comentário:
Li o livro e conheci o autor, ambos são de tirar o folego...
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