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terça-feira, 23 de abril de 2013

Versos Afrodisíacos


Um inquieto que busca sentir e fazer sentir a alma feminina em versos totalmente livres de clichês e modismos, Jorge Carrano apresenta uma poética profunda e sensual.

Com certeza um livro para ler com segundas intenções, e isso não é ruim. A coletânea de poemas A Centaura e a Esfinge (Livros Ilimitados; 108 páginas; R$ 33,00) do paranaense publicitário por formação Jorge Carrano é sem dúvida um “Q” a mais na definição plena do amor. O poeta, durante sua adolescência no Rio de Janeiro participou dos festivais estudantis de música e outras atividades artísticas de vanguarda da época, mas foi na Bahia que a arte o devorou fazendo-o eterno amante das letras.
Versos fortes, quentes e provocantes vão além de uma subjetividade superficial da alma, antes cortam fundo atingindo nervos, carne e ossos, deixando aflorar sentidos e sentimentos puros e espontâneos que buscam liberdade. Carrano viaja pelas sensações do corpo e do espírito, valorizando o verbo amar acima do substantivo amor, tendo como espinha dorsal de sua escrita a mais bela obra prima da criação: a mulher. Com nuances levemente eróticas, excetuado os arcadismos de rima e métrica, mas tipicamente como Bocage, alguns poemas são turbinados com doses de certa indecência que aquecem o desejo, levando nas entrelinhas de cada verso o tema que aponta o eixo mais lascivo e sublime do amor Eros: o sexo.
As intenções do autor se explicitam ainda na orelha da capa quando revela que: “precisava de atitude, não somente mostrar o amor como eu vejo, mas sentir o amar, não somente o desejo puro e simples, mas o desejo de amar”. Como bom poeta, ele sabia que sua erupção de sentimento não podia ser algo particular e exclusivo seu, carecia compartilhar. “Era sufocante aquilo em mim. Precisava romper, rasgar a alma, ir lá no fundo e não é só a minha que rasgo hoje, mas tantas almas quanto puder, e aí, sangrar o papel”.
Uma obra afrodisíaca, provocante desde a capa carregada de múltiplos graus Celsius, com versos cheios de reticências que fazem a imaginação pulsar. Escrita para mulheres se sentirem plenas, poderosas, selvagens, nuas dos medos de amar e amar, amar mais e amar de novo. Qual o homem que se prestará ao erro de não ler também?
Poemas para irem além de leitura, devem chegar ao sentir. Livre de falsos modismos e clichês conservadores, A Centaura e a Esfinge te decifra e devora, uma obra para ser lida com um sorriso malicioso no rosto, já pensando na pessoa amada, para agarrá-la logo em seguida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Li o livro e conheci o autor, ambos são de tirar o folego...