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quarta-feira, 30 de outubro de 2013





Por Pablo Rios

*Esse texto foi publicado no jornal A Tarde, dia 26 de setembro de 2013, no caderno 2 dos classificados.

O filósofo grego Aristóteles, na sua definição de democracia e nas suas preleções ao conquistador Alexandre, defendia a existência de um outro Partido para o bem governar, seguindo o raciocínio de que um Partido Único resulta em uma ditadura não esclarecida. De fato, nos países onde é ou foi permitido apenas uma agremiação política, o que temos é um cenário de ditadura total, sob a máscara de uma democracia. Palavra esta que nos moldes brasileiros segue distorcida.
Um partido político pressupõe um ajuntamento de indivíduos que partilham a mesma ideologia de administração pública, apesar de em muitas cidades pequenas a legenda servir apenas de porta para a candidatura, uma vez que a maioria dos postulantes sequer conhece o que prega e reivindica a sigla que adotaram. No última dia 21 de junho, em seu discurso, o Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), com certeza causou um choque anafilático nos brios dos políticos mais ortodoxos do congresso ao declarar que talvez seja a hora de extinguir todos os partidos políticos.
Senador, eu admiro a sua coragem. Ao iniciar seu discurso radical, o senador falou que seria a melhor solução para atender o que exigem os milhões de manifestantes nas ruas do país. Não é com ironia que ele afirma isso, mas baseado em uma verdade há muito ignorada: as legendas não refletem mais oque o povo precisa, nem no conteúdo nem na forma. Palavras do senador.
A cada dois anos, os partidos vão para a televisão e para as ruas atualizarem seus objetivos estatutários, reforçarem para o povo que estão com eles e que farão mudanças em tudo. Por baixo do pano negociam tempo de propaganda nas mídias, e pastas de administração em troca de alianças no segundo turno. Passam as eleições e vemos nos primeiros meses as notícias sobre qual partido vai assumir qual pasta. E essas decisões são tomadas levando em conta o pagamento de favores e não o bem estar do cidadão. O Parlamentar defendeu também a realização de uma Assembleia Constituinte exclusiva para discutir a ultra necessária Reforma Política do país, que segundo ele deve incluir também o “voto avulso”, em candidatos sem filiação a partido algum.
No entanto, Cristovam Buarque utilizou seu argumento “bomba” para acordar os representantes das legendas para uma realidade gritante: o povo não se sente mais representado nem pelos partidos e nem pelos parlamentares atuais, e isso tem sido fator de medo para os que tencionam se candidatar ano que vem, prova são os 430 votos contrários à repugnante PEC 37, tendo apenas 9 a favor e 2 abstenções. Nem de longe há a possibilidade de governo sem legendas partidárias, o país se tornaria um caos, mas o que o senador do Distrito Federal defende, é um novo formato para os tais. Uma nova modalidade de representação do povo, não o atual baile de máscaras que esconde quadrilhas embaixo das siglas que ostentam. A política deve ser feita pelo bem e para o bem do povo e não somente daqueles que dizem representa-los.

ettorepablo@live.com
Escritor, Empregado Público Federal


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