
Por
Pablo Rios
*Esse texto foi publicado no jornal
A Tarde, dia 26 de setembro de 2013, no caderno 2 dos classificados.
O
filósofo grego Aristóteles, na sua definição de democracia e nas suas preleções
ao conquistador Alexandre, defendia a existência de um outro Partido para o bem
governar, seguindo o raciocínio de que um Partido Único resulta em uma ditadura
não esclarecida. De fato, nos países onde é ou foi permitido apenas uma
agremiação política, o que temos é um cenário de ditadura total, sob a máscara
de uma democracia. Palavra esta que nos moldes brasileiros segue distorcida.
Um partido político pressupõe um ajuntamento de
indivíduos que partilham a mesma ideologia de administração pública, apesar de
em muitas cidades pequenas a legenda servir apenas de porta para a candidatura,
uma vez que a maioria dos postulantes sequer conhece o que prega e reivindica a
sigla que adotaram. No última dia 21 de junho, em seu discurso, o Senador
Cristovam Buarque (PDT-DF), com certeza causou um choque anafilático nos brios dos
políticos mais ortodoxos do congresso ao declarar que talvez seja a hora de
extinguir todos os partidos políticos.
Senador, eu admiro a sua coragem. Ao iniciar seu
discurso radical, o senador falou que seria a melhor solução para atender o que
exigem os milhões de manifestantes nas ruas do país. Não é com ironia que ele
afirma isso, mas baseado em uma verdade há muito ignorada: as legendas não
refletem mais oque o povo precisa, nem no conteúdo nem na forma. Palavras do
senador.
A cada dois anos, os partidos vão para a televisão e
para as ruas atualizarem seus objetivos estatutários, reforçarem para o povo
que estão com eles e que farão mudanças em tudo. Por baixo do pano negociam
tempo de propaganda nas mídias, e pastas de administração em troca de alianças
no segundo turno. Passam as eleições e vemos nos primeiros meses as notícias
sobre qual partido vai assumir qual pasta. E essas decisões são tomadas levando
em conta o pagamento de favores e não o bem estar do cidadão. O Parlamentar
defendeu também a realização de uma Assembleia Constituinte exclusiva para
discutir a ultra necessária Reforma Política do país, que segundo ele deve
incluir também o “voto avulso”, em candidatos sem filiação a partido algum.
No entanto, Cristovam Buarque utilizou seu argumento
“bomba” para acordar os representantes das legendas para uma realidade
gritante: o povo não se sente mais representado nem pelos partidos e nem pelos
parlamentares atuais, e isso tem sido fator de medo para os que tencionam se
candidatar ano que vem, prova são os 430 votos contrários à repugnante PEC 37,
tendo apenas 9 a favor e 2 abstenções. Nem de longe há a possibilidade de
governo sem legendas partidárias, o país se tornaria um caos, mas o que o
senador do Distrito Federal defende, é um novo formato para os tais. Uma nova
modalidade de representação do povo, não o atual baile de máscaras que esconde
quadrilhas embaixo das siglas que ostentam. A política deve ser feita pelo bem
e para o bem do povo e não somente daqueles que dizem representa-los.
ettorepablo@live.com
Escritor, Empregado Público Federal
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