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sábado, 12 de outubro de 2013

Saudade, saudade

O velho mercado


Tem coisas que a gente não esquece jamais. Quando vi esta foto compartilhada no Facebook, senti meu sangue gelar e o coração reclamou: era saudade. Para os que nasceram depois de 1999, ou eram muito pequenos na época, este era o velho barracão da feira, construído no início do século XX pelo Capitão Senhorzinho. Essa construção de adobe e madeira nobre servia como mercado para os comerciantes da feira. Quem o viu com certeza ainda sente aquele cheiro de farinha ao ter essa imagem em sua mente. Farinha, feijão, milho, chibata, brevidade, suco de garrafa, tudo lembra o velho mercado.


Em época de festa, principalmente o São João, o barracão da feira virava casa de shows e o forro era lá dentro, para toda a comunidade. Mesmo muito pequeno, eu já fui a festas ali, e como eram boas, sem as perturbações que existem hoje, sem as preocupações que existem hoje.

A foto trás uma data histórica. Vivíamos o tempo do plebiscito que decidiria se nossa terra seria ou não emancipada. Em 14 de maio de 1989 não tivemos unanimidade, apenas uma pessoa votou contra, não sabemos seus motivos. Dizem as lendas que foi alguém muito querido que já não vive mais.

Também já não vive mais o velho mercado, palco de grandes festas, santuário de nossa cultura que em nome do tal “progresso”, que muitas vezes exige o fim de coisas históricas, foi derrubado dando lugar a uma praça e um palco. Na época, as pessoas da cidade viviam mais pela política do que pela opinião própria e não tinham maturidade suficiente para dizer: “Não, não queremos que derrube”. Temos um palco que foi construído sobre a rua que separava o barracão do calçadão da feira, um palco que poderia ter sido feito alguns metros mais para a frente e preservar-se-ia o monumento histórico.

Pena que éramos praticamente outras pessoas, tínhamos outras ideias, outras cabeças. Mas vale a pena ver a foto e suspirar de saudade. Ah! O velho mercado...

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