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| Pablo Rios em sala de aula |
Outro dia eu voltava de Capim
Grosso para São José após cinco aulas no ACEC. Estava chegando ao contorno
quando um carro branco parou ao meu lado, nele haviam quatro homens. O
motorista mandou que um dos rapazes do banco de trás abrisse a porta.
- Entre professor, vou lhe dar
uma carona. Você merece.
Entrei. Logo que o carro voltou a
andar o motorista falou:
- Eu não lhe conheço professor,
mas te vejo todo dia aqui e vou lhe dar a carona porquê eu sei do sacrifício de
vocês para educar nossos filhos.
Ao chegar em casa passei a
refletir sobre o que ele falou. Ele disse que eu merecia uma carona mas não me
conhecia, ou seja, o merecimento de seu favor não foi ela minha pessoa e sim
pela profissão. Ele nem sequer quis saber se sou boa pessoa, ou se estava a pé
naquele dia por estar com um carro no conserto, ou se sou um mão de vaca que
não quer pagar passagem. O simples fato de ser professor o fez me dar uma
carona.
Hoje não estou em sala de aula,
mas tenho um coração de professor, e quando paro para pensar na realidade de
muitos professores em nosso país, me dá vontade de chorar. Quando lembro que
tempos atrás os professores eram os profissionais mais respeitados, que alunos
e pais os honravam com elogios e respeito, quando penso que no Japão, as únicas
pessoas que não são obrigados a se curva ante o Imperador é o professor (o
monarca se curva para eles), quando lembro de meus mestres, ah! meus mestres.
Hoje, alunos não respeitam mais
os professores, acham-se no direito de dizer-lhes o que bem entendem, pais se
dirigem aos professores como se estes fossem os culpados pelas notas baixas de
seus filhos, pais que dão o ar da graça na escola apenas para reclamar. Como
nosso mérito diante da sociedade caiu. Como caíram os valores da comunidade. As
pessoas aplaudem mais um cantor de arrocha e um político mentiroso do que a um
professor. Quando vejo esse cenário sinto-me nascido no tempo errado.
Mas com tudo isso, o orgulho de
ser professor, de ter tido bons alunos e colegas ainda carrego comigo. Ainda
hoje, muitos de meus alunos passam por mim na rua e se dirigem a mim com todo o
respeito, chamando-me ainda de Professor, e isso me coloca nas nuvens. Meu abraço
a todos os professores, meus professores, colegas de profissão e luta.
E você, pai, aluno, gestor,
político. Se durante todo o ano não dá aos professores o devido respeito, ao
menos hoje, ao passar por um, dirija-lhe um olhar de admiração. Sim, é pouco, e
nós estamos acostumados com pouco, mas basta para saber que fizemos diferença.
Parabéns professores.
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