Ainda não estamos nem no meio do ano e o pano pra manga já é suficiente para o braço do Cristo Redentor. Coisinha costumeira em cidade pequena, mas a cocorice vai do micro ao macro quando o assunto é política, pois as contribuições para este relato vão de Prefeita a "Presidenta". O fato é que quem é adepto da galhofa, assim como eu, sabe que certas coisas não podem passar em cor nenhuma, principalmente em branco. E já que em brancas nuvens tem passado o povo, vamos relatar como foi o protuberante mês de maio em nossas paragens e ver porque o nosso país não "progressa":
3 x 0
A goleada teve acréscimos quando mais uma vez os Professores, representados pela APLB, marcaram mais um tento contra os Unidos da Cidade Feliz. Após pedidos frustrados de terem seus direitos respeitados - piso nacional - os professores tiveram que partir pra força judicial mesmo. Fizeram paralisação de um dia, e caso não tivessem suas reivindicações atendidas, ocorreria a terceira greve em menos de dois anos. O que fez a coisa ferver de vez foi um acordo bisonho sugerido pela treinadora do UCF (Unidos da Cidade Feliz) e seus membros da comissão técnica. Era na verdade um troço complicado que tentava negociar o pagamento de uma dívida garantida por Lei. Trocando em miúdos, eles estavam, no tapetão, tentando negociar o inegociável. Mas, aí entra em campo o reforço que a APLB tinha desde o começo: O Ministério Público, que em uma jogada de muita categoria e autoridade, finalizou os Unidos, marcando o terceiro gol, dando o ultimato na turma do "Compromisso". Depois disso, o STJD, ops, os vereadores apitaram o final da partida decretando unanimemente - como não podia ser de outra forma - a vitória dos Professores.
Ficou tudo bem, mas até agora tento parar de rir da tentativa de tapetão: Negociar o inegociável? "Pode isso Arnaldo?"
Vamos viver, que morrer tá difícil
Aí o tempo vai passando, o povo nascendo, morrendo e o cemitério ficando cada vez mais cheio. Tá lá, duas valas em feitio de alicerces cavadas no terreno comprado para ampliar o cemitério, mas nem sinal de tijolos, areia ou trabalhadores. Será que por ser um cemitério, a obra é fantasma?
Se Sucupira fosse real, bem que poderia ser criado um convênio para enviar nossos mortos pra lá, já que eles possuem um cemitério que não conseguiam inaugurar pela falta de defuntos. Aqui, o povo está partindo e os inquilinos mais antigos estão sendo despejados para dar lugar aos novos. Sucupira às avessas. Este é um assunto que deu até coceirinha nos brios de simpatizantes mais acalorados desse governo que necrosa o progresso da cidade. O Ministério Público já foi escalado para resolver o problema. A prefeitura não faz o muro do cemitério e acaba forçando a criação - ainda que fantástica - do MSC (Movimento dos Sem Cova), dando-nos a total certeza que a falta de "Compromisso com o Povo" inclui vivos e mortos.
Dilma, se manca!
Na inauguração da Transcarioca, neste dia 01, a "Presidenta", após tocar pandeiro, nos presenteou com uma pérola, que passo a transcrever para a estupefação de todos e vergonha geral da nação: "Todos os legados são para o povo brasileiro. Por exemplo, não estamos fazendo aeroportos para a Copa do Mundo, estamos fazendo aeroportos para todos os brasileiros, por um acaso vão ser usados para a Copa do Mundo". Estivesse eu no momento, com um tomate podre em meu poder, o passaria para um corajoso atirar na fuça dela. Na realidade eu perguntaria se não fosse haver Copa do Mundo, se todas essas obras faraônicas estariam sendo feitas.
E por falar em transporte...
A Prefeitura de Cuscuzcity tem descumprido o acordo que sempre houve com a SEC, e em dias que não há aulas para o município, não disponibiliza transporte para os alunos da rede estadual. Alguns alunos denunciaram a situação ao blog de Arnaldo Silva. Em um vazamento de conversa nas antessalas do poder municipal, saiu mais esta: "O Estado só nos passa 19 mil".
Acho que a palavra "só" soa um pouco (entenda totalmente) fora de contexto. Portanto, gostaria de informar às autoridades competentes que os veículos para levar os alunos não precisam ser limusines ou jatinhos.
Governador nervosinho
Quem ficou vermelho igual alemão de férias em Salvador foi nosso majestoso Governador, Jacques Wagner, que quase deu piti em Belo Campo-BA ao ser testado por estudantes secundaristas, quando garantiu que as reformas do Colégio Estadual sairiam. A turma gaiata - pois estudante que se preze tem que ser - disse em coro um sonoro "só quero ver". O insigne estadista respondeu que eles veriam e depois, incomodado com o protesto começou a jogar na cara as ações para a educação. É claro que ele esqueceu, ou não, de citar a greve dos mais de 100 dias, por ele se negar a pagar o Piso Nacional, lá em 2012, antes do fim do mundo.
Nosso contribuinte desse texto, finalizou dizendo que “a gente precisa ouvir os outros pra saber o que os
outros têm a dizer. Deus nos deu dois ouvidos e uma boca, para a gente ouvir o
dobro do que fala”. Então, eu vou deixar pra ele uma ideia semelhante: O povo te deu dois mandatos, pra o senhor fazer o dobro do que divulga.
Troca-se entusiasmo por rapidez nas obras
Em um seminário sobre a Copa do Mundo em Curitiba, o Ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) declarou que os atrasos nas obras da copa é algo "frustrante". Ele começou bem e seguiu bem dizendo que "o governo foi incompetente", mostrando à PresidentE que não é só o Ronaldo que abriu os olhos. Mas aí ele cagou no final, dizendo que "teremos o nosso entusiasmo tradicional".
Imagino só os carros passando por estradas de entusiasmo e o povo sentando em entusiásticas arquibancadas para gritar gol do Brasil il il il il!
Hospitais e escolas estão muito entusiasmantes, esperamos que os governantes entusiastas se entusiasmem para baixar os impostos e melhorar as condições de vida do povo depois da Copa.
Merece medalha
Depois de um ano, cinco meses, alguns processos, várias trocas de secretariado e três paralisações da educação, o Governo Cidade Unida é Cidade Feliz divulga por meio das redes sociais o seu maior feito: "Prefeita entrega fardas do Conselho Tutelar". Após os merecidos fogos de artifício por ato tão grandioso, o povo parou de rir e volta seu olhar revoltado para as ruas cheias de mato.
E vamos parando por aqui pra o pano não dar pra fazer um roupão pro Cristo do Corcovado.
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