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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Governo tenta disfarçar aliança de Wagner com João Henrique




Raul Monteiro
Definida por um experiente e irônico deputado oposicionista como um “abraço de afogados”, a aliança entre o ex-prefeito João Henrique, em vias de filiar-se ao PSL, e o governador Jaques Wagner (PT) com vistas a 2014, celebrada com a nomeação do filho do primeiro para o gabinete do chefe da Casa Civil do governo, Rui Costa, repercutiu tão mal, tão mal nas redes sociais, que levou o governo estadual a uma tentativa mambembe de disfarçá-la com duas versões. Uma verdadeira bobagem!
A primeira versão é que o jovem tem um currículo invejável que o capacita tecnicamente para a função, como se técnica ela fosse. A segunda é que o pai não teve nada a ver com a indicação. Luiz Henrique Carneiro, na versão do governo, teria sido nomeado exclusivamente em atenção à mãe, a deputada estadual Maria Luíza, e ao partido, dela, o PSD. Como se Maria Luíza, que separou-se de João Henrique no ano passado, depois de eleger-se sucessiva e exclusivamente por intermédio dele, fosse um estrondoso fenômeno eleitoral autônomo.
Francamente! Além disso, o PSD é comandando na Bahia pelo vice-governador Otto Alencar, que é também secretário estadual de Infraestrutura, e está com os dois pés no governo, o que significa, obviamente, que o partido dispensa mimos que tais. E se era mesmo para atender à mãe e ao partido de Otto, por que então o filho do ex-primeiro casal municipal não foi parar num dos vários órgãos comandados pelo PSD na administração estadual, sendo indicado justo para o gabinete do candidato de Jaques Wagner a governador? Precedentes existem vários.
Por um motivo mais do que simples: Quem pediu a função pública para o filho foi João Henrique, interessado em vê-lo, mais dia, menos dia, se interessar e ingressar na política. E só o ex-prefeito sabe como a decisão do governo de promover a nomeação o contentou. Também por uma razão mais do que simples: contou uma fonte do Palácio Thomé de Souza ontem ao Política Livre que, antes de indicá-lo ao governo, João Henrique tentou emplacar o filho no gabinete do hoje ex-aliado ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador.
E fez o mesmo com a atual mulher, Tatiana Paraíso. Segundo a mesma fonte, o ex-prefeito gostaria de vê-la dirigindo o IPS (Instituto de Previdência de Salvador). Apesar de reconhecer que Tatiana possui currículo para o posto e que Luís Henrique poderia cumprir um ótimo estágio político em seu gabinete, o prefeito teria denegado os pedidos. Argumentara que a indicação de um e do outro não ficaria nada bem para o início de seu governo.
Mas teria chegado a acenar com a possibilidade de contemplar, na administração municipal, outros colaboradores de João Henrique que conheceu na campanha e pelos quais se afeiçoou e que não guardariam com ele laços de família. João Henrique não teria topado. Viu a resposta, assim como a publicação seguida na imprensa de informações sobre uma suposta herança maldita que teria legado a ACM Neto, como uma declaração de guerra. Portanto, a nomeação do filho para o gabinete do futuro candidato do PT a governador seria também uma excelente resposta à “indiferença” do prefeito que ajudou a eleger.
Por este motivo, João Henrique deve, na medida do possível, tentar ajudar ao novo amigo Rui Costa e defenestrar ACM Neto no programa de rádio que está prestes a estrear na emissora do deputado federal Marcos Medrado, do PDT, outro partido da base do governo estadual, o que deixa aliados do prefeito preocupados. No íntimo, o governo Jaques Wagner está satisfeitíssimo com a nova aliança. O governo do PT se acha pop e despreza a classe média. João Henrique é genuinamente pop e passou a ser detestado pela classe média. Mas será que é só nisso que eles combinam?

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