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sexta-feira, 18 de abril de 2014

O que é a sexta-feira da paixão?


A cultura brasileira absorveu esta data como o feriado especial em que os parentes se reúnem para um almoço sem carne vermelha, para um momento solene de reflexão no caso dos mais cristãos ou para esvaziar garrafas e mais garrafas de vinho, no caso dos que não conseguem viver sem álcool. Temos em nossa cidade e região, algumas manifestações culturais e religiosas. Aqui, os fiéis católicos saem em procissão ao cair da tarde com a alegoria tradicional da via sacra, meninas vestidas com trajes da época e os membros da comitiva em profundo respeito. Outro costume bastante comum é a peregrinação até o monte de santa cruz, no intuito de rezar e acender uma vela no interior da capelinha fundada em 1903 pelo Capitão Senhorzinho.
Observamos uma mistura de costumes nesse dia, é algo que podemos dizer que vai do santo ao profano, pois muitas pessoas encaram um momento sagrado como simplesmente uma oportunidade de ganhar dinheiro e outros apenas de mudar a bebida alcoólica que os fará cair pelas calçadas. Na cidade Mairí, o principal cartão postal é o monte da capelinha construída no século XVIII, altíssimo, dotado já de escadas até certo ponto e de uma praça comercial, onde ambulantes faturam com a manifestação de fé.
A cultura comercial em torno da religiosidade não é algo novo. Lá atrás, Jesus expulsou vendilhões que haviam transformado o templo em uma feira-livre, a Igreja vendeu indulgências por um bom tempo, fato que desencadeou a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, mas que já estava em andamento com base nos questionamentos de Huss e Wicliff. Causas? O desrespeito pelo sagrado e pela fé.
A verdade é que o ser humano, principalmente o brasileiro, sem generalizar, tem em seu DNA um forte senso de tirar vantagem de tudo e a religião não ficaria de fora, como podemos constatar ao ver tantas "igrejas" mega arrecadadoras de dízimos e ofertas que servem para enriquecer seus líderes auto intitulados "bispos" e "apóstolos".
O que quero chamar a atenção de todos os que até o momento estão lendo este post, é que a sexta-feira da paixão deve ser lembrada não simplesmente como o dia de rever a família e nunca como um feriado propício a beber todo o vinho do mundo com a justificativa de "na sexta-feira da paixão pode". Aproveite seu bacalhau, vinho, amigos e família, mas lembre-se que esse dia marca o sacrifício de Jesus no Calvário para salvar a humanidade da perdição e do mal. Se você realmente é um cristão, irá refletir sobre isso, esta sexta-feira santa será diferente para a sua vida. 

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