Páginas

sábado, 12 de abril de 2014

Sobre direitos e deveres: nossos e dos políticos

Todo funcionário público tem direitos, mas também tem deveres que se não forem cumpridos à risca, resulta em punições severas que vão desde o corte salarial até a prisão. A cultura brasileira ensina o ser humano a querer cada vez mais direitos e menos deveres. O(s) jeitinho(s) brasileiro(s), esquemas, conchavos, bravatas e toma lá da cá, parecem ser fatores genéticos e habitam o DNA do indivíduo desde a fecundação.
Ninguém é inocente ao ponto de negar totalmente que para muitos governantes, o servidor público é massa de manobra, gado ferrado que faz sua vontade e se omite por medo de perder regalias presentes ou platônicas. O troca-troca de local de trabalho por pura pirraça, as humilhações, cortes de dia trabalhado e mudança consciente de horário no intuito de prejudicar são os hábitos mais comuns.

Mas, fechado esse parêntese, conquanto muita gente não saiba que prefeitos e vereadores são funcionários públicos, eles são e estão sob as mesmas regras que os demais. A diferença legal está no salário (de alguns) e o fato de não haver ocorrido contratação ou concurso, e sim eleição por voto direto do povo. A diferença prática é que o povo se dirige aos servidores públicos investidos nos cargos de prefeitura e câmara como aquele funcionário que tem a obrigação de distribuir dinheiro, tijolos, sacos de cimento, patrocínios de eventos e alguns etc's. Outra diferença, esta praticamente exclusiva de quem se assenta na cadeira maestra da prefeitura, é a bajulação dos seus partidários, o ódio de seus opositores e o puxa saquismo constante dos que lhe cercam.
Então, sobre direitos e deveres, caso o funcionário público se ausente por mais de trinta dias de seu serviço, não estando sob licença para tal, ele é sumariamente exonerado de suas funções. Porém, quando a gestora municipal passou mais de quarenta dias sem pisar os pés na prefeitura, ela não foi exonerada. Vale ressaltar que a senhora prefeita não se encontrava licenciada, caso contrário o vice-prefeito teria assumido o cargo interinamente. Mas quem teria a autoridade de demitir a prefeita pela sua improbidade e pela ausência injustificada de seu trabalho? A câmara de vereadores.
Mas para isso, era necessário que os edis, eleitos pelo voto e ditos representantes do povo se mobilizassem para entrar com um processo administrativo que resultaria em um impeachment da gestora. Nada foi feito. Talvez alguém venha com a prerrogativa de que fizeram discursos inflamados, protestando contra a situação em que se encontra o município, isso pode ser provado, uma torrente de vídeos tem enchido as redes sociais onde a tribuna “pega fogo”. Mas discurso sem prática não resolve nada. Mostrar revolta no microfone e depois cruzar os braços é o mesmo que serrar a base do galho onde está sentado.
Mas por que tanto bê-a-bá gasto na tribuna e nem prego em barra de sabão dado na prática? Poderia aqui arriscar algumas hipóteses, mas apesar do que muitos dizem eu não sou louco. Mas apenas dou uma pista: é que a possibilidade de se aliar a quem tem o poder sempre tem sabor de mel. Os fatos dessa semana confirmam isso. Cala-te boca.
Algumas centenas de pessoas são funcionários públicos desse município, desempenham suas funções, cobram seus direitos e cumprem seus deveres pois zelam por seus empregos que garantem a comida na mesa. Então vamos cobrar que os que se acham em degraus mais altos também cumpram os seus, sem adulação, sem impunidade. Prefeita, vereadores, desfrutem seus direitos, mas cumpram seus deveres, caso contrário, considerem-se de aviso-prévio, pois os eleitores conscientes assinarão suas cartas de demissão.


Nenhum comentário: