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domingo, 24 de fevereiro de 2013

A morte de um patrimônio

 
Durante muitos anos, a “presa”, famosa aguada localizada à margem da BA 130 na saída para Capim Grosso figurou como um dos mais belos cartões postais da cidade. Era fonte de sustento para algumas pessoas que costumavam pescar em suas águas, mães de família lavavam suas roupas e louças, crianças ali se banhavam – de experiência própria, afirmo que era um dos maiores prazeres de minha infância.


Suas águas, alimentadas por riachos eram limpas e convidativas, e mesmo as impurezas oriundas das louças e roupas e do gado que ali saciava sua sede eram facilmente depuradas graças às frequentes chuvas e ao sangradouro que levava para o outro lado da estrada o excesso de água e escória.
Com toda a certeza muita gente tem ao menos um relato para contar sobre esse nosso patrimônio histórico. Eu, por exemplo, tenho uma recordação que nos meus poucos anos de vida na época foi muito bizarro. Quando a companhia viação Águia Branca ainda passava por aqui em sua linha diária a Feira de Santana, ocorreu um acidente no qual não houve nenhum ferido grave – graças a Deus. O veículo permaneceu dentro da “presa” durante mais de um dia, e aquilo para mim foi um grande acontecimento, coisa de crianças.

Infelizmente, com a depredação da vegetação, ocorreu o assoreamento dos riachos que pararam de alimentar a represa, aliando a isso o fator estiagem e o esgoto que começou a ser lançado ali, hoje o local não passa de um ajuntamento de lama e lixo. Não há mais água, apenas duas enormes valas de esgoto oriundo dos bairros próximos. Touceiras de capim alto crescem aqui e ali, abrigando animais peçonhentos que causam risco à saúde das famílias locais. O cheiro nas proximidades é insuportável e os riscos de contaminação é altíssimo.

Com tudo isso, ainda existem seres que conseguem viver nessas condições. Inúmeros cágados d’água habitam as valas de esgoto dali. Viver nessas condições diminui bastante a expectativa de vida desses bichos.
Várias gestões executivas do município planejaram revitalizar o local construindo calçadões e praças que possibilitassem caminhadas e passeios na orla da “presa”, mas até o momento o que ainda há ali é sujeira. Mais um de nossos patrimônios históricos está morrendo.

2 comentários:

Anônimo disse...

verdade pablo é uma realidade muito triste!! obrigado por tentar abrir os olhos da sociedade pois tem pessoas que nem se dão conta disso!!

Pablo Rios disse...

Obrigado por sua contribuição. Talvez a presa não tenha jeito, mas é bom saber que muita gente sente saudade dela.