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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Os grilhões que derrubam a rede



Todas as modas chegam, assustam, vencem, declinam e somem. De fato, há aquelas que não surpreendem ninguém e terminam por ser uma preferência de um grupo específico que a usufrui por mais tempo do que aquelas que se tornam um gosto quase global. É assim com todas as tendências e hoje, na era da informação, o mesmo ocorre quando se fala em rede social. Em tempos que podemos dizer mais remotos, quando se tem por referência a velocidade da evolução virtual, poucas pessoas tinham acesso à internet, mas com o advento das lan-houses e da facilidade de crédito, computadores se espalharam pelas casas e toda uma massa antes excluída passou a navegar pelos bytes e links do mundo virtual. Então, surgem as redes sociais.
E no princípio, era o Orkut. Que começou com um “Q” de sociedade secreta, pois só poderia entrar quem fosse convidado por um usuário, o que conferia certa sensação de privilégio. “Bombou”! Scraps, comunidades sobre temas diversos (sérios ou não), exposição de fotos e vídeos, aplicativos mil e todo mundo embarcou. Mas aí vieram elas, malditas sejam elas. A mensagens purpurinadas com fotos de ursinhos que podiam ser enviadas a todos os contatos de uma única vez. Sim, aquelas mensagens que praticamente ninguém lia, mas praticamente todo mundo achava legal enviar para entulhar a caixa de scraps alheia. Somando isso à falta de segurança e privacidade, bem como às proliferações e conteúdo ofensivo e pornográfico, o Orkut, um dos xodós da Google perdeu a luta para o Facebook. O Brasil, maior país em número de usuários da rede mudou de mundo virtual.
Então aparece o “Face”, a rede que reúne tudo de sua antecessora e mais um pouco. Privacidade, grupos, aplicativos, fotos, vídeos, blog, páginas e a possibilidade comercial, na qual todas as grandes marcas embarcaram. Estava tudo bem no paraíso azul, todo mundo cuidando de sua vida virtual (esquecendo a carnal), bisbilhotando a vida alheia e dando indiretas nos outros através de sus status até que um dia, elas surgem: As miseráveis, famigeradas, destruidoras, chatas, irritantes e bobas, as correntes.
Elas já haviam feito seus estragos no MSN e Orkut, mas nada foi tão aniquilador quanto seus efeitos no Facebook. Conseguiram superar em inconveniência as solicitações de jogos até hoje empesteiam a rede social de Mark Zuckerberg. Fotos de crianças doentes, com textos mentirosos de que o Facebook doará cinco centavos para cada compartilhamento espocaram para irritar. E como irritam. Mais irritantes ainda são aquelas imagens editadas apelativas do tipo “se você ama Jesus/Sua mãe/Sua irmã/seu cachorro/o escambau a quatro compartilhe, se não, só olhe”, e ainda há as mais covardes, que trazem ilustrações de Cristo e do coisa ruim, como um anúncio de duelo e pedindo que quem prefere Jesus compartilha, curte e comenta e quem preferisse o “Cramulhão” “só olha”. Se depender da interpretação de quem espalha esse lixo, eu sempre vou preferir o capeta, pois eu não perco meu tempo pra dar atenção a essas perdas de tempo. Ninguém precisa compartilhar, curtir, comentar, retwittar ou fazer o que for pra mostrar amor ou preferência, mas muita gente precisa compartilhar bobagem pra ter o que fazer durante o tempo perdido no Facebook.
Por último, mas não menos importante: habemus whatsapp. Fácil de usar, um simples chat nos moldes do MSN, o único diferencial é a possibilidade de criar grupos permanentes para bater papo, compartilhar áudio, vídeo e imagem e perder tempo. Revolucionário por sua praticidade, nascido já no auge da conexão móvel, quando ninguém mais precisa estar diante de um computador doméstico para acessar a internet, causou tanto bafafá que o império azul do Facebook o comprou para evitar concorrência. Muito útil para uma comunicação rápida, tornando a telefonia em um utilitário quase obsoleto. Mas a bagunça deu seu jeito de começar. Mídias começaram a ser feitas especialmente para o “zap-zap” e mensagens prontas, daquelas do caduco Orkut, dessa vez cheias de emoticons começaram a circular. Até então tudo bem, mas todo tipo de porcaria passou a se espalhar pelos smartphones, fazendo com que algo engraçado passe a não ter graça nenhuma em questão de horas, no máximo dias. E adivinha quem voltou? Elas de novo, as correntes imbecilizantes que leva muitos a acreditarem que algo de ruim vai acontecer se “essa mensagem não for enviada a 10 amigos em 24 horas”. Saibam que quebro todas. Pense nisso antes de mandar pra mim.
Concluo que é melhor estar em uma rede não tão evidente, pois com um público mais restrito e diminuto, elas duram mais.

Mandar uma piada é legal, uma foto pra rir ou refletir também, mas por favor, torne as redes sociais um ambiente de comunicação mais agradável e duradouro. Como? Pare de enviar correntes e mensagens prontas. Se você tem preguiça ou lhe falta tempo para dizer um oi para cada amigo, simplesmente não diga nada e espere estar a fim de fazer, garanto que seus contatos – aos quais chama todos de amigos – ficarão mais satisfeitos e se sentirão mais especiais. Entre no “grupo” e diga um olá para todos, pronto, fez sua boa ação do dia. Se não tiver o que falar, não fale, ás vezes o silêncio nos faz parecer mais sábios e deixam o ambiente virtual mais respeitável. Sem não tem mais o que fazer, faça log out. Certas oportunidades de ficar off line, a gente não devia perder.

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