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terça-feira, 1 de julho de 2014

Professores obesos são impedidos de darem aulas

Professores obesos são impedidos de darem aulas - 1 (© Foto: reprodução Facebook)

Por KEKA DEMÉTRIO

A coluna de hoje não é sobre beleza, mas como o IMC (Índice de Massa Corporal) dos professores afetam o aprendizado dos alunos. Você deve estar pensando que saiu uma nova pesquisa que diz: “quanto mais gordo é o professor, menos o aluno vai aprender”. Mas não, essa pesquisa não existe. O que nós e nossos filhos aprendemos na escola nada tem a ver com a forma física de nossos professores. Ao menos não deveria ter. Porém, para o Estado de São Paulo o peso dos profissionais da Educação conta muito mais do que o conhecimento e títulos que eles possuem.
Isso mesmo, professores altamente gabaritados, com pós-graduação, mestrado, doutorado e que poderiam ministrar aulas em grandes universidades estão sendo impedidos de tomarem posse de seus cargos. Embora tenham dom, amor ao ensino e aos jovens e queirem repassar conhecimento a alunos de escolas públicas, no caso em questão escolas estaduais, estão sendo proibidos de darem aulas.
Isso porque quando passam pela perícia médica, mesmo apresentando exames de saúde acusando índices absolutamente normais, eles possuem um IMC elevado. O que isso quer dizer? Que eles são considerados obesos mórbidos e, por isso, os médicos peritos não os consideram aptos a lecionar, ou seja, é como se fossem pessoas doentes e incapazes de exercerem suas atividades.
O argumento é que o Estado possui normas e elas precisam ser seguidas. Além disso, avaliam não apenas a capacidade laboral momentânea, mas fazem um prognóstico da vida funcional de uma carreira que vai durar em torno de 30 anos. A leitura que eu faço disso é a seguinte: se você é gordo e saudável, sinto muito, mas não pode prestar concurso público. Isso porque amanhã você vai estar muito doente e nós não vamos bancar mais nenhum gordo doente. Emagreça, porque magros nunca adoecem.
Voltando ao IMC, ele tem sido questionado pela própria medicina. A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO) afirma que não é o melhor método para medir o risco à saúde de uma pessoa. Pois problemas cardiovasculares, por exemplo, têm mais a ver com a concentração de gordura na região da cintura do que com o IMC da pessoa.
Uma das publicações científicas mais respeitadas no meio médico, o Journal of the American Medical Association, publicou recentemente que pesquisadores descobriram que pessoas com IMC entre 25 e 30 tinham 6% a menos de chance de risco de morte se comparados com aqueles que são vistos como saudáveis e possuem IMC entre 18,5 e 24. O estudo avaliou 2,9 milhões de pessoas.
Ana Carolina Buzzo Marcondelli, 30 anos, bióloga; Bruna Giorjiani de Arruda, 28 anos, socióloga; e Vanessa Oliveira, 32 anos, bióloga. Todas elas fazem parte do grupo de professores que estão sendo expostos ao constrangimento de terem que lutar por um lugar que é deles por direito adquirido.  Cada uma tem uma história de vida, mas as três tem uma só paixão: a educação. E é absurdo pensar que tantos jovens podem ser privados de receberem ensino de qualidade por regras retrógradas.
Hoje no Facebook tem uma página em prol desse absurdo e que vale a pena ver: ‘Nunca soube o IMC da minha professora, mas sei o que ela me ensinou”. E a hashtag é ‘NuncasoubeoIMC’. São diversas pessoas que apoiam, antes de tudo, a capacidade intelectual das pessoas. 

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