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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Janela de Peter Pan - Em memória de Tio Xisto



Estou triste. Ontem fui ao mundo de um poeta e o encontrei vazio. A janela estava fechada. Daquele quarto saíram os mais singelos versos sobre a vida no campo, sobre a graça e o riso e sobre a tristeza de um coração jovem acorrentado a uma cama pela enfermidade. Vinte e poucos anos vendo o mundo através de uma janela por onde o seu espírito de Peter Pan visitava o mundo inteiro e ao voltar trazia verso e prosa. Eram causos, anedotas, piadas, cordéis.

Uma obra tardiamente começada e precocemente interrompida aos cinquenta e mais alguns volumes. Com certeza deixou algo inacabado, pois a sua alma inquieta não o deixava parar de escrever. Nada cobrava pelo que fazia, simplesmente doava aos parentes e amigos que iam vê-lo.

Fico pensando naquela mente tão lúcida e tão cheia de ideias. o que mais poderia sair de uma cabeça sem estudo mas tão rica de ciência? Só não aprendiam o que não lhe ensinavam e o que não pudesse ler ou fazer. Vivesse ele mais anos e encucasse em estudar astronáutica e o veríamos decolar daquela cama em seu próprio foguete.

Mas ele partiu e tudo o que ainda planejava criar foi junto, o que é uma tristeza pois sua obra seria ainda mais vasta. Mas não é pequena, é suficiente. Suficiente para contar ao mundo sobre sua poesia, sua jovialidade, meninice, experiência, tristeza, energia, seu sorriso e sua sabedoria capaz de emudecer doutores.

Xisto Rios dos Santos, o poeta de Mairí. Um Peter Pan que nos ares já não mas que em seus versos ainda vive. Porém, a janela está fechada e isso é muito triste.

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